Este ano, estive para não festejar o Carnaval mas uns bons e velhos amigos desafiaram-me a fazê-lo. Devido às circunstâncias actuais, achei que não era muito coerente festejá-lo mas, por outro lado, pensei que era uma forma de esquecer o momento difícil por que estou a passar. De qualquer maneira, o Carnaval já não me diz tanto como há uns anos atrás em que esta época era vivida de uma forma intensa e especial. A fantasia era preparada ao pormenor e aguardava-se ansiosamente pela hora de a vestirmos. Depois rumava-se ao sítio onde se concentrava o pessoal do burgo e arredores e aí se passava a noite entre copos, música e muito divertimento. Hoje, por várias razões, já não é bem assim. Ainda por cima este ano não estive com disposição para preparar a fantasia. E nem sequer pensei nisso. O P. e a D. bem insistiram para que eu me mascarasse mas eu decidi que este ano não iria fantasiar-me. Como que a querer dizer que por andar a usar uma máscara durante todo o ano não via razão para usar mais uma no Carnaval... O certo é que acabei por aceitar o convite porque todos os motivos são válidos para sair de casa. Como em anos anteriores, escolhemos o sítio para onde converge o pessoal conhecido. A festa estava bem animada, fantasias para todos os gostos, boa música, ambiente muito divertido. Porque afinal o que interessa é esquecer tudo, nem que seja por umas horas de puro divertimento. A noite até foi muito divertida. Foi quase uma directa. Regressámos a casa já quase o sol despontava. Estava morto de cansaço. Apesar disso, dormi poucas horas. Mas desta vez dormi bem.
Quando finalmente me levantei, reparei que a G. tinha enviado uma sms a convidar-me para sair. Fiquei contente com esse gesto, porque ainda não tinha estado pessoalmente com ela desde que lhe revelei a minha orientação sexual. Combinámos ir até à praia mais próxima para dar uma volta e conversar um pouco. Fui apanhá-la a casa e rapidamente nos pusemos na praia. Estava um belíssimo dia de sol. Sentámo-nos no areal e ali estivemos à conversa até ao sol-posto. Voltou a falar-se do mesmo assunto (homossexualidade) e posso dizer que a G. está a impressionar-me pela positiva. No entanto, persistem as dúvidas e eu, com uma paciência de chinês, lá vou tentando esclarecê-las... Finalmente, fomos lanchar a um bar da referida praia. E bem poderia ter saltado esta parte. É que ao sairmos e envolvidos pela conversa que estávamos a ter, nem reparámos que os meus óculos de sol ficaram em cima da mesa. Eu sou "despistado" por natureza mas nunca me tinha acontecido uma coisa dessas. Só quando cheguei a casa é que reparei que me faltavam os óculos de sol. De nada valeu voltar ao bar. Já tinham sido levados por algum "amigo do alheio"... Infelizmente, gente desonesta é uma praga que existe por todo o lado. Em menos de meio ano, fiquei sem um telemóvel, sem o leitor de MP3 e agora sem os óculos de sol. O que virá a seguir?...