Um blogue pessoal mas... transmissível

24
Mar 09

 

 

No passado dia 10, a Fox Life estreou a 5.ª temporada de uma das minhas séries televisivas favoritas, "Donas de Casa Desesperadas", com a emissão de um episódio duplo. Esta nova temporada começou com um salto no tempo em relação ao final da anterior e todas as personagens têm agora mais cinco anos. "A ideia do salto no tempo veio dos produtores executivos da série 'Perdidos'. Nós quisemos dar uma nova perspectiva à série para darmos a conhecer cada uma das personagens mais uma vez", afirmou Marc Cherry, o criador da série.


"Donas de Casa Desesperadas" acompanha a vida de cinco mulheres – Bree Hodge (Marcia Cross), Lynette Scavo (Felicity Huffman), Susan Delfino (Teri Hatcher), Edie Britt (Nicollette Sheridan) e Gabrielle Solis (Eva Longoria) – que moram em Wisteria Lane, um bairro suburbano nos Estados Unidos. Com personalidades muito distintas, mas com uma amizade inquebrável, estas mulheres fazem tudo ao seu alcance para estarem de bem com a vida. Tudo começou quando Mary Alice Young (Brenda Strong), vizinha das protagonistas, abandonou o seu lar perfeito, no mais agradável dos subúrbios americanos, e pôs fim à própria vida. Agora, Mary Alice mostra-nos os pormenores escondidos no dia-a-dia da família, dos amigos e dos vizinhos, acompanhando tudo do seu "elevado" ponto de vista.


Nesta 5.ª temporada, Susan tem um novo interesse romântico, Jackson (Gale Harold), mas o seu ex-marido, Mike, ainda se encontra por perto, morando também em Wisteria Lane. A Scavo Pizzeria é agora um restaurante de grande sucesso, e Lynette continua a ser a "super-mãe" de três filhos que atravessam a adolescência. Os brilhantes cozinhados de Bree, que já conhecíamos de outras temporadas, valeram à personagem uma carreira no ramo. Bree é agora uma autora de livros de culinária, e Katherine faz parte da sua equipa. No entanto, Katherine sente-se mal pois Bree é uma estrela e ela não, apesar de terem começado o negócio de culinária juntas há cinco anos atrás. Gabrielle tem duas filhas, um marido cego e um orçamento mensal pouco atractivo, pelo que a pressão familiar começa a afectá-la. Edie, que tinha partido de Wisteria Lane destroçada na quarta temporada, está de regresso com um novo marido, Dave (Neal McDonough) e novos segredos. A não perder todas as terças-feiras, num televisor perto de si.

 

 

 

Queria falar-vos agora da grande novidade trazida pela temporada anterior de "Donas de Casa Desesperadas", com a entrada em cena do casal gay Bob e Lee que se mudou para Wisteria Lane e que veio "apimentar" ainda mais esta trama de sucesso. Tuc Watkins, que interpretou também um personagem gay noutra série televisiva, dá vida ao personagem Bob, um homem calmo que trocou a cidade grande pela tranquilidade de Wisteria Lane e uma vida mais pacata, e Kevin Rahm interpreta o papel de Lee, namorado de Bob. Marc Cherry, que é gay assumido, deu na altura uma entrevista ao site gay norte-americano "After Elton", revelando que os novos personagens, as suas atitudes e os efeitos provocados na vizinhança se baseiam na sua experiência pessoal. Contudo, esta não é a primeira vez que a série aborda o tema. Numa das temporadas anteriores, o jovem Andrew (Shawn Pyfrom), filho de Bree, tem sérias dificuldades em fazer o seu coming out, e na 4.ª temporada o personagem que interpreta alcança outra projecção com a chegada dos novos vizinhos. Nesta 5.ª temporada, pensa até em casar-se com Alex (Todd Grinnell), um médico que no passado participou num filme pornográfico, o que deixa a mãe à beira de um ataque de nervos...

 

Aqui fica um vídeo com os personagens gay Andrew e Justin numa das temporadas anteriores...

 

 

 


 

A propósito do enredo de novela mexicana em que se transformou a nomeação do novo Provedor de Justiça, com os dois maiores partidos do espectro político português a digladiarem-se para colocarem na cadeira alguém do seu círculo político ou de amizades, apeteceu-me abordar aqui a questão de fundo que nestas ocasiões vem sempre ao de cima. É que olhando bem à história recente do país, vê-se facilmente que os partidos políticos portugueses nunca tiveram sentido de Estado. Podem perguntar-se o que é que eu quero dizer quando uso esta expressão. Pois bem. Na minha perspectiva, sentido de Estado é a obrigação que os partidos deveriam assumir no sentido de concertarem posições entre si e ultrapassarem divergências político-ideológicas, nomeadamente quanto a aspectos fundamentais na estruturação de um país, como sejam a saúde, a educação, a justiça, o trabalho, a fiscalidade, entre outros.

 

Infelizmente, o que se vê é que cada vez que o país muda de governo, mudam também as políticas. Até aqui tudo bem, porque todos os partidos têm um projecto político que submetem à apreciação dos cidadãos no momento da ida à urnas e, se esse projecto político sai vencedor, o partido que o sustenta tem o direito e o dever de o pôr em prática na governação do país. Mas já me custa mais a compreender que a mudança de governo e de políticas nas diversas áreas da governação deite por terra tudo aquilo que o governo anterior realizou, com o pretexto de se fazerem novas reformas. Uma vez na oposição, o partido que anteriormente ocupava a cadeira do poder passa a não ter outro objectivo senão minar a governação do partido que se lhe seguiu. E o caso repete-se quando esse partido recupera o poder e volta a revogar as reformas que entretanto foram feitas, iniciando assim um período de novas pseudo-reformas. Para mim, esta forma de fazer política revela uma falta confrangedora de visão de Estado a longo prazo. Parece que neste país se está sempre a começar do zero. Neste sentido, arrisco-me a dizer que Portugal é um país eternamente adiado, vítima de um regime político-partidário que se move sobretudo por interesses mesquinhos e se esquece das grandes reformas estruturais que era necessário implementar.

 

É por isso que, a propósito da escolha do Provedor de Justiça e de outras escolhas semelhantes, vemos um triste espectáculo mediático. Desde que me conheço por gente e que me preocupo minimamente com o que me rodeia, que vejo este jogo em que se envolvem os partidos da situação. É a constante dança das cadeiras. São os jogos de bastidores para ver quem coloca nos centros de decisão mais gente de confiança política. Depois, em maré de eleições, todos os políticos e comentadores se admiram com as elevadas taxas de abstenção. Não será porque a política e, sobretudo, os políticos estão cada vez mais desacreditados junto da opinião pública? Não será porque os políticos colocam os seus próprios interesses político-partidários à frente dos interesses das pessoas e do bem comum dos cidadãos?

 

Por isso mesmo, para que Portugal entrasse definitivamente no bom caminho, era necessário que, ao menos os partidos com vocação de poder, assumissem uma posição responsável e se deixassem de uma vez por todas de politiquices bacocas que só têm prejudicado o país e o têm afastado cada vez mais dos níveis de desenvolvimento e bem-estar dos seus congéneres europeus. Que se entendessem ao menos quanto às questões estruturantes na vida do país e poupassem os cidadãos ao triste espectáculo da política provinciana e caceteira à boa maneira do século XIX…
 


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