Um blogue pessoal mas... transmissível

02
Mar 09

 

Depois de uma noite de insónia, um dia de solidão... Insónia, sim, porque o pensamento vagueia por longe e o subconsciente move-se numa vida paralela, onde tu ainda estás comigo e os nossos dias têm o sabor dos primeiros dias... Solidão, sim, porque ontem estive sozinho. Sem ti. Sem amigos. Sem ninguém... Sozinho comigo e com os meus pensamentos que de insuspeitos já pouco têm... Não resisti a sair de casa, mesmo sem ti... Quando a Primavera já se faz anunciar, procurei aproveitar os tímidos raios de sol que ousavam desafiar as nuvens carregadas que se adensavam no horizonte. Fui até à praia, aquela mesma praia onde nos conhecemos e onde os nossos corpos se entregaram avidamente um ao outro num único desejo. Sentei-me no areal. Puxei de um cigarro, que as contingências da vida ainda não me permitiram afastar de vez deste vício. Puxei de um cigarro e fiquei ali, imóvel, a olhar a linha do horizonte e a ver os casais que desfrutavam também do sol e do mar. Invejei-os. Coisa feia de se fazer. Mas é verdade, invejei-os... Esperava ver-te. Aliás, espero ver-te sempre naqueles sítios que eram os "nossos sítios", os sítios onde éramos só nós dois e o mundo não existia. A luz difusa daquele fim de tarde enganou-me. Afinal, nenhum dos vultos que por ali andavam era o teu. Enganei-me mais uma vez...

 

Depois fui ao cinema. Sozinho. Sem ti. Sem amigos. Sem ninguém... Queria ver "O Leitor", aquele mesmo filme pelo qual a Kate Winslet ganhou o Óscar de Melhor Actriz. Sei que gostas tanto de cinema como eu. Que não perdias uma sessão às segundas-feiras. Os domingos eram todos para mim. Sozinho, naquela sala, parecia ver-te nas sombras que deambulavam por ali. Parecia ver-te sentado ao pé de mim. Parecia sentir o calor do teu corpo e a tua mão pousada sobre a minha perna, como gostavas tanto de fazer quando não havia ninguém por perto ou quando viajavas ao meu lado no carro. Um gesto do qual com certeza já não guardas lembranças porque para ti era um simples gesto. Nada mais. Mas eu guardo. Porque ainda sou daqueles para quem um gesto vale mais do que mil palavras... Queria dizer-te que apreciei o filme. É um filme como eu gosto. É um filme que me pôs a pensar sobre a vida, sobre as pessoas que marcaram a minha vida para sempre. Tu és uma dessas pessoas. Tu marcaste a minha vida para sempre. Dê a vida as voltas que der. Infelizmente, não pudemos discutir o filme nem o trabalho do realizador nem a performance dos personagens, porque tu não estavas lá. Regressei a casa. Sozinho. Sem ti. Sem amigos. Sem ninguém... E tu também não estavas lá...

 

publicado por Pensador Insuspeito às 22:23

Olha. Let go...
Do tabaco e do passado. Quem tem as mãos cheias com o passado não consegue agarrar mais nada. Desculpa o comentário, nem nos conhecemos, nem nada e post destes devem ser comentados por amigos físicos. Mas já todos passámos por um desgosto de amor (ou 2, 3 , 4...). Deixa ir...
silvestre a 3 de Março de 2009 às 17:35

Não é preciso conhecermo-nos para dizermos o que nos vai na alma. A tua opinião sobre o que quer que seja é sempre bem-vinda. Tens razão no que dizes. Gostei muito da frase: "Quem tem as mãos cheias com o passado não consegue agarrar mais nada". Mas desconfio que ainda vai demorar um tempito até esvaziar completamente as mãos desse passado. Até lá, vou deixando ir...

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Gostei imenso do teu texto.Parabéns! Abraço.
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