Um blogue pessoal mas... transmissível

28
Jul 09

 

 

Neste fim-de-semana, eu e o R. decidimos fazer uma incursão na noite gay da Cidade Invicta. Confesso que há muito tempo que não frequentava a "cena gay" porque de cada vez que o fazia sentia que estava a desperdiçar o meu tempo e que aquele ambiente estereotipado pouco tinha a ver comigo.

 

Além disso, não sou grande apologista de locais que se podem confundir facilmente com guetos para onde se procuram atirar as pessoas indesejadas com o intuito de as ocultar da vista do comum dos mortais. É por estas e outras que a homossexualidade passa quase despercebida à grande maioria das pessoas. Sabem que existe mas encaram os homossexuais como alienígenas que se encontram regularmente em locais muito estranhos e obscuros. E por isso a homofobia continua a campear, especialmente nos pequenos meios, onde os homossexuais ainda têm mais propensão a "esconder-se" em locais como esses. Para mim, a homossexualidade tem de vir cada vez mais para a luz do dia e os homossexuais têm de "misturar-se" com todas as outras pessoas. Mas isto daria assunto para outro post/pensamento.

 

O que é certo é que o R. propôs-me uma noite de sábado diferente e desta vez eu acedi. De tudo o que pude observar nos locais por onde passámos - primeiro um bar gay friendly e seguidamente uma disco gay - é que realmente pouca coisa muda com o passar dos anos. À primeira vista, o ambiente até pode ser descontraído e agradável, mas rapidamente apercebemo-nos que a imensa maioria dos gays está ali com um propósito bem definido: engatar. Não interessa quem. O que interessa é engatar alguém para aquela noite ou para o que resta dela. É um autêntico "mercado de carne"... Acresce que muitas destas pessoas têm uma propensão doentia para opinar sobre a vida dos amigos, conhecidos, ex-namorados. Comenta-se sobre quem anda com quem, sobre o facto de A. e B. terem rompido, que C. anda à procura de nova relação, que D. veste mal, que E. engordou...

 

Posso estar a ser exagerado e a tomar a parte pelo todo, mas causa-me imensa confusão ver toda aquela gente com o único propósito de engatar alguém para uma noite de sexo. Acho que cada um deve ser livre de fazer o que quiser com a sua vida desde que isso não afecte a vida de terceiros. No entanto, questiono-me sempre sobre a razão de ser de um comportamento tão promíscuo. Será que ninguém tem expectativas mais elevadas em relação à sua vida sentimental? Parece que nestes meios tudo gira em torno do sexo e que para além dele nada mais existe. Eu gosto muito de sexo mas no estádio actual da minha existência já não me contento com sexo puro e duro. Para mim, actualmente, sexo sem amor não faz qualquer sentido. Porque sexo sem amor é um acto puramente mecânico sem aquele misto de sentimentos que só o sexo entre duas pessoas que se amam pode oferecer.

 

Depois ninguém se lembra que, por alguma razão, o sexo pode acabar de um dia para o outro, e nesse caso não fica mais nada. Não existe amor, carinho, companheirismo. Fica apenas solidão, carência, vazio. E frequentemente isso é a porta aberta para o suicídio. Por outro lado, também os gays envelhecem e quantas vezes, no meio da solidão e do desespero, procuram construir aquilo que na juventude e meia-idade não quiseram ou não foram capazes de construir. Parece que ninguém ou quase ninguém quer investir numa relação estável e duradoura que possa oferecer segurança e bem-estar na velhice.

 

E para não me alongar mais neste pensamento, diria que depois desta noite a minha opinião sobre estes locais em nada mudou. Apesar de estar acompanhado pelo meu namorado, fui insistentemente penetrado pelos olhares de quem ali se encontrava e por duas vezes até fui apalpado. Então quando o R. foi apalpado quase me passei! Por isso, resolvemos sair dali e procurar um local menos "obscuro" para acabar a noite...

 


04
Mai 09

 

Já não vinha aqui há um mês. De facto, não tenho tido tempo nem disposição para blogar. Hoje resolvi passar por aqui para postar uma música que actualmente me enche as medidas. E porque é também a música preferida do meu Amor, aqui fica o vídeo de "Gaivota" do álbum "Amália Hoje", um projecto que resultou da vontade de trazer os clássicos da diva do fado para a arena da pop e que juntou Nuno Gonçalves e Sónia Tavares dos The Gift, Fernando Ribeiro dos Moonspell e Paulo Praça, ex-Turbojunkie e responsável de projectos como os Plaza. Simplesmente fantástico!!!

 

AMO-TE R.!!!

 

 

 

 

publicado por Pensador Insuspeito às 17:54

01
Abr 09

 

 

 

 

publicado por Pensador Insuspeito às 20:41
tags:

29
Mar 09

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quanto de ti, amor, me possuiu no abraço
Em que de penetrar-te me senti perdido
No ter-te para sempre
Quanto de ter-te me possui em tudo
O que eu deseje ou veja não pensando em ti
No abraço a que me entrego
Quanto de entrega é como um rosto aberto,
Sem olhos e sem boca, só expressão dorida
De quem é como a morte
Quanto de morte recebi de ti,
Na pura perda de possuir-te em vão
De amor que nos traiu
Quanta traição existe em possuir-se a gente
Sem conhecer que o corpo não conhece
Mais que o sentir-se noutro
Quanto sentir-te e me sentires não foi
Senão o encontro eterno que nenhuma imagem
Jamais separará
Quanto de separados viveremos noutros
Esse momento que nos mata para
Quem não nos seja e só
Quanto de solidão é este estar-se em tudo
Como na ausência indestrutível que
Nos faz ser um no outro 
Quanto de ser-se ou se não ser o outro
é para sempre a única certeza
que nos confina em vida
Quanto de vida consumimos pura
No horror e na miséria de, possuindo, sermos
A terra que outros pisam
Oh meu amor, de ti, por ti, e para ti,
Recebo gratamente como se recebe
Não a morte ou a vida, mas a descoberta
De nada haver onde um de nós não esteja.
 

Jorge de Sena

 


14
Mar 09

 

Algumas vezes, dou comigo a pensar se existe alguma característica que possa diferenciar o amor gay em relação ao amor heterossexual. E invariavelmente chego à conclusão que não. É um amor que nasce tão sem explicação quanto o amor entre um homem e uma mulher. É o coração que bate mais forte. É aquela vontade de estar junto de quem se ama. É aquele desejo de partilhar a vida toda. De facto, não pode existir coisa mais banal. Afinal, acontece todos os dias em qualquer parte do mundo com gente de todas as raças, cores e religiões.

 

A única diferença que poderá existir relaciona-se com a postura que cada um adopta quanto ao sentimento em si. E essas diferenças manifestam-se tanto no amor entre pessoas do mesmo sexo como entre heterossexuais. Como todas as pessoas, os homossexuais não são pessoas isoladas do mundo exterior e tudo o que se passa na sociedade envolvente repercute-se ao nível das suas vivências e dos seus afectos. Estamos na sociedade do descartável, onde a vida passa a correr e as pessoas, todas as pessoas, têm sede de amar e ser felizes, mas muitas vezes não sabem o que é o amor e tornam-se egoístas porque a sociedade assim as moldou. Neste sentido, somos o produto das nossas próprias vivências e, porque não dizê-lo, das vivências dos outros, que nos afectam em maior ou menor escala. Há anos conheci um rapaz, que logo no primeiro encontro já me perguntava se eu queria namorar com ele enquanto babava literalmente por qualquer um que se aproximasse de nós… Perante isto, penso que cada um deve parar para reflectir que tipo de amor deseja dar e receber.

 

Voltando ao amor que une duas pessoas do mesmo sexo, vejo-o cada vez mais como um amor especial, considerando que se desvia do propósito do amor orientado para a procriação, superando assim todos os determinismos biológicos que encaminham o ser humano para a união com o sexo oposto, visando o cumprimento da função reprodutora da espécie. E dadas as circunstâncias sociais que habitualmente o envolvem terá de ser ainda um amor mais forte do que o amor heterossexual pelo valor inestimável das inúmeras provas a que tantos casais homossexuais se submetem diariamente por estarem com alguém do mesmo sexo. Por conseguinte, parece-me inadmissível que alguém, seja ele quem for, venha pôr em causa o amor profundo e verdadeiro e todos os sentimentos de afecto, carinho, intimidade e partilha que eu, como homossexual, sou capaz de nutrir por alguém do mesmo sexo.

 

Costuma dizer-se que uma relação heterossexual não pressupõe normalmente o acto de afirmação identitária da sua sexualidade e que um heterossexual ama sem pensar que é heterossexual. Em contraponto, diz-se também que um homossexual, ao fazê-lo, muito dificilmente se abstrai da sua identidade sexual. Mas pergunto-me se esta ideia não é originada a priori pela conformidade com aquilo que civilizacionalmente se foi interiorizando como "normal". E, como dizia acima, nenhum homossexual está imune ao ambiente cultural que o rodeia. De facto, nenhum homossexual é uma ilha isolada… Por isso mesmo, é natural que seja difícil que, de um dia para o outro, possa abstrair-se de uma realidade que lhe foi incutida como a única "normal" e admissível. Até ao dia em que finalmente essa dita "normalidade" seja encarada doutra maneira, também pelos próprios homossexuais, e todos possamos viver plenamente a nossa sexualidade…

 


11
Mar 09

 

Quase não me restam palavras para te dizer o que sinto neste momento. Mas ainda guardo algumas para te dizer o quanto sinto a tua ausência… O quanto a tua ausência afoga em mim as palavras que ainda tenho para te dizer... Dizias-me que palavras não passam de palavras. Mas acredita que estas palavras são sentidas. Acredita que mesmo poucas palavras são melhores do que o silêncio de duas pessoas que ficam sem mais nada para dizer uma à outra. E esse silêncio por incrível que pareça é um silêncio ensurdecedor. Já tive momentos desses quando ainda não tinhas entrado na minha vida. Mas tu chegaste sem hora marcada e trouxeste contigo um amor que eu julgava não merecer, brindaste-me com uma ternura que eu julgava não existir, fizeste-me sorrir como há muito eu não sorria, surpreendeste-me como jamais alguém conseguiu surpreender-me…


Não sei ao certo porque te foste embora da minha vida, nem quando resolveste partir para não mais voltar. Ou talvez para voltares quando finalmente caíres em ti e precisares de um carinho, de um abraço, ou simplesmente de alguém com quem possas desabafar, com quem possas contar, a quem possas confiar os teus dramas e segredos, sabendo que nunca serás julgado. Não sei ao certo quando te perdi. Se é que alguma vez te tive! Se é que alguma vez foste meu! Se é que alguma vez te entregaste totalmente a mim!

 

Queria dizer-te que há dias em que sinto um vazio enorme. É como se faltasse algo essencial à minha vida. É como se tu fosses o ar que preciso para continuar a viver… Ao mesmo tempo, sinto uma imensa surpresa. Eu que, na minha auto-suficiência, dizia não precisar de um amor assim. Mas tu apareceste na minha vida e tudo mudou. Vejo agora as minhas palavras negadas pelos meus próprios sentimentos… E então percebo como é fácil falar de ânimo leve, quando não estamos no meio da tempestade…

 

Queria dizer-te que há dias em que a solidão é um sentimento insuportável… É nestes dias que sinto mais saudades tuas, essa palavra que povoa o nosso imaginário colectivo e que de tão usada já perdeu quase toda a sua significância. Sim, saudades. Não sei se sabes do que estou a falar. Aquele sentimento que provoca um peso no estômago e faz doer até o músculo mais insignificante do teu corpo. Mas doer mesmo. Não sei se alguma vez sentiste essa dor. Mas acredita que dói muito... É nestes dias que a dor da tua ausência se faz sentir com mais força. E fico assim, triste, melancólico, como se apenas a tua presença ao meu lado me pudesse trazer algum conforto. Por isso, é nestes dias que em nome da tua ausência me remeto ao silêncio e fico por aqui, frente a um ecrã de computador, frio, distante, impessoal, a dizer-te umas palavras que para mim soam a tudo… mas que para ti soam a nada…

 


04
Mar 09

 

Tu chegaste à minha vida num dia em que eu não te esperava. Chegaste e foste ocupando todos os espaços que havia em mim para ocupar até não restar espaço para mais nada nem mais ninguém. Chegaste, ocupaste todos os espaços, mas não me quiseste revelar o mais recôndito do teu ser. Dizias-me que não tinhas de o fazer. E talvez tivesses razão. Porque afinal duas pessoas são duas pessoas. E cada uma dessas pessoas precisa do seu espaço vital para poder respirar… Precisa tão desesperadamente desse espaço como os pulmões precisam de oxigénio para poderem continuar a funcionar. Infelizmente, muitas vezes não pensamos nisto desta maneira tão crua e tão directa. Queremos saber tudo acerca do outro e pensar que não existe espaço para a individualidade de cada um. Digo-o por mim próprio. Mas queria dizer-te também que numa relação existem duas pessoas que se escolheram mutuamente para partilhar uma vida e o que essa vida lhes trouxer de bom e de mau. E para isso é preciso arriscar dar um passo mais à frente...

 

Tu nunca quiseste dar esse passo. Dizias-me que não ias mudar, como se eu te tivesse pedido algum dia, uma única vez, que o fizesses. Mas sabes bem – e isto disse-te muitas vezes – que uma relação só resulta se as duas pessoas nela envolvidas aprenderem a fazer cedências. E acredito que isso não compromete em nada a nossa personalidade. Aprende com o barro que é moldado pelas mãos do escultor: ele não perde as suas propriedades quando é amassado, manuseado e transformado em obra de arte. Muito pelo contrário. Mantendo todas as propriedades intrínsecas que o definem naquilo que ele é, ele adquire contudo uma mais-valia em relação ao seu estado bruto anterior.

 

Tu também não comprometes a tua personalidade se deixares abrir uma brecha nessa muralha inexpugnável que foste erguendo em teu redor e em que gostas de te esconder aos olhos do mundo. Agora eu sei que é difícil a um amor, mesmo a um grande amor, vencer e transpor uma muralha como essa, mesmo que use todas as armas e reúna todas as forças para o conseguir. Porque dentro dessa muralha, bem lá no fundo, existe ainda uma cave onde escondes aquilo que não queres que ninguém saiba sobre ti. Como alguém escreveu: "Everybody has two sides. The side we show the world and the side we try to hide".

 

Eu também possuo algures uma cave onde escondo aquilo que não quero expor aos olhos do mundo. E é por isso que eu não percebo o sofrimento que sinto se afinal concluo que as coisas são mesmo assim. Mas arrisco uma explicação. Será por acreditar que contigo iria ser diferente. Que contigo poderia desnudar-me completamente, corpo e alma. Que contigo não teria nada a esconder porque eras o meu mundo e nesse mundo tudo nos era permitido… Até desvendar o segredo mais íntimo e o mistério mais bem guardado...

 


02
Mar 09

 

Depois de uma noite de insónia, um dia de solidão... Insónia, sim, porque o pensamento vagueia por longe e o subconsciente move-se numa vida paralela, onde tu ainda estás comigo e os nossos dias têm o sabor dos primeiros dias... Solidão, sim, porque ontem estive sozinho. Sem ti. Sem amigos. Sem ninguém... Sozinho comigo e com os meus pensamentos que de insuspeitos já pouco têm... Não resisti a sair de casa, mesmo sem ti... Quando a Primavera já se faz anunciar, procurei aproveitar os tímidos raios de sol que ousavam desafiar as nuvens carregadas que se adensavam no horizonte. Fui até à praia, aquela mesma praia onde nos conhecemos e onde os nossos corpos se entregaram avidamente um ao outro num único desejo. Sentei-me no areal. Puxei de um cigarro, que as contingências da vida ainda não me permitiram afastar de vez deste vício. Puxei de um cigarro e fiquei ali, imóvel, a olhar a linha do horizonte e a ver os casais que desfrutavam também do sol e do mar. Invejei-os. Coisa feia de se fazer. Mas é verdade, invejei-os... Esperava ver-te. Aliás, espero ver-te sempre naqueles sítios que eram os "nossos sítios", os sítios onde éramos só nós dois e o mundo não existia. A luz difusa daquele fim de tarde enganou-me. Afinal, nenhum dos vultos que por ali andavam era o teu. Enganei-me mais uma vez...

 

Depois fui ao cinema. Sozinho. Sem ti. Sem amigos. Sem ninguém... Queria ver "O Leitor", aquele mesmo filme pelo qual a Kate Winslet ganhou o Óscar de Melhor Actriz. Sei que gostas tanto de cinema como eu. Que não perdias uma sessão às segundas-feiras. Os domingos eram todos para mim. Sozinho, naquela sala, parecia ver-te nas sombras que deambulavam por ali. Parecia ver-te sentado ao pé de mim. Parecia sentir o calor do teu corpo e a tua mão pousada sobre a minha perna, como gostavas tanto de fazer quando não havia ninguém por perto ou quando viajavas ao meu lado no carro. Um gesto do qual com certeza já não guardas lembranças porque para ti era um simples gesto. Nada mais. Mas eu guardo. Porque ainda sou daqueles para quem um gesto vale mais do que mil palavras... Queria dizer-te que apreciei o filme. É um filme como eu gosto. É um filme que me pôs a pensar sobre a vida, sobre as pessoas que marcaram a minha vida para sempre. Tu és uma dessas pessoas. Tu marcaste a minha vida para sempre. Dê a vida as voltas que der. Infelizmente, não pudemos discutir o filme nem o trabalho do realizador nem a performance dos personagens, porque tu não estavas lá. Regressei a casa. Sozinho. Sem ti. Sem amigos. Sem ninguém... E tu também não estavas lá...

 


27
Fev 09

 

Desde que eu e o M. nos separámos, vivo na expectativa de receber notícias dele. Notícias que eu espero mas que eu não quero. Notícias que eu devia ignorar mas não consigo. Ontem o M. "apareceu" novamente sob a forma de sms. Pediu-me desculpa por não ter dito nada nos últimos dias e disse-me que um percalço o impediu de falar comigo. Mais uma vez enchi-me de esperanças que algo possa mudar, embora tudo me diga que isso dificilmente irá acontecer. Acho que esta forma de viver o fim do meu relacionamento com o M. funciona como uma forma de autodefesa ou um artifício para fugir à crua realidade da separação. E logo eu que sempre fui tão racional... É impressionante que, por mais que tentemos e por mais que finjamos ser fortes, tal não é verdade. É que não dá para esquecer tão rapidamente um grande amor. Acho que nunca se esquece, só se faz de conta que já não se lembra. Eu tenho feito um esforço descomunal, maior do que as minhas próprias forças, para tentar esquecê-lo e habituar-me a viver sem a presença do M.. Mas de repente ele resolve "aparecer" de novo e provoca um turbilhão de sentimentos na minha vida... A minha cabeça dá mil voltas, sem saber o que pensar… E pergunto-me: o que é que eu terei feito para estar a passar por uma coisa destas? Ele que me dizia: "Tu és uma pessoa maravilhosa e mereces ser muito feliz", como é capaz de me fazer isto? Não consigo perceber. Estou confuso…

 

Também ontem, quando ia a sair do ginásio e já na rua, esbarrei literalmente com um gajo que passou boa parte do verão passado a "perseguir-me". Antes disso, eu já o conhecia e sabia que ele era gay. Os nossos olhares cruzaram-se de novo mas devo dizer que não senti nada ou seja não houve aquela "química" especial. Não houve agora nem houve no passado. Porque amar alguém significa desejar ver de novo, sentir de novo. É um sentimento que vicia, que torna dependente, que retira a paz e a tranquilidade nos tempos de ausência. Mas também sei que isso nem sempre é tão linear. Um amor pode acontecer mesmo sem a "química" da primeira vez. Mesmo sem a paixão avassaladora. E talvez sejam esses os amores que suportam os relacionamentos mais duradouros. Por isso, estou tranquilo. Se algo tiver de acontecer, acontecerá. Não vou forçar algo a acontecer para depois me arrepender. É verdade que se costuma dizer que mais vale arrependermo-nos por aquilo que fizemos do que por aquilo que não fizemos. Eu sei disso. Mas por enquanto não vou fazer nada. Não quero embarcar numa aventura sem sentido. Para mim, nada é melhor que um namoro estável e duradouro. Mas sei, por experiência própria, que namorar não é fácil. Tem de surgir aquela incrível coincidência de sentimentos, que não se podem descrever por palavras ou gestos… No meio disto tudo, começo a pensar que estes (des)encontros me querem dizer alguma coisa. O que custa mais é decifrar a difícil escrita da vida…

 

publicado por Pensador Insuspeito às 22:36
sinto-me:

22
Fev 09

 

É engraçado como nos últimos tempos a vida me tem ensinado algumas coisas muito importantes, coisas que eu pensava ter por adquiridas. A maior lição que eu estou a receber neste momento e que por mais que me esforce ainda não consigo assimilar totalmente é que não posso obrigar ninguém a ficar do meu lado, a preocupar-se comigo, a "perder tempo" comigo. Sei que pode ser um pouco tarde para aprender isso porque afinal já não sou nenhum adolescente. O fim do meu relacionamento com o M. mostrou-me que estou mais sozinho do que imagino. E mesmo quando estou rodeado de muita gente é como se estivesse sozinho, porque me falta a pessoa mais importante, a pessoa que preencheu de alegria os meus dias e as minhas noites. É como se ele tivesse levado consigo um bocadinho de mim. Apesar de tudo, não quero deixar que a infelicidade me derrube. Tenho conseguido disfarçar bem para a família e para os amigos. Tenho conseguido enganar muito bem a todos e até a mim mesmo de vez em quando...

 

Para informação geral da blogosfera, quero dizer que o meu último contacto com o M. foi na sexta-feira. Mas, como sempre, foi um contacto que me torturou mais do que me consolou. Um contacto que deixou nas entrelinhas coisas que acabam por me dar esperanças que eu não quero ter. E nem posso. Porque não quero sofrer mais. Porque estou cansado de sofrer. Porque não quero alimentar uma ilusão que eu próprio criei. As lágrimas acabaram por voltar aos meus olhos. O que é difícil porque não sou de exteriorizar sentimentos, muito menos dessa maneira. Depois, e para não variar, ele desaparece de novo, não dá sinal de vida, não manda uma mensagem. E eu ponho-me a imaginar onde ele está, como ele está, com quem ele está. Ou seja, fico na merda novamente... Eu desabafo para aqui e digo que não quero mais nada, que quero baixar os braços e deixar de lutar, que quero acreditar que posso ser feliz novamente, mas realmente não sei se é assim que penso. Nem sei se é assim que será. Aliás, já nem sei mais nada. A minha mente está confusa, o meu coração magoado... Às vezes, a minha cabeça parece que vai explodir... Não é fácil ultrapassar o desgosto pela perda de um grande amor e recuperar-se totalmente ao fim de uma semana, ou de um mês, ou até de dois meses... Isto não é uma gripe...

 

Tenho tentado manter a cabeça ocupada. Tenho feito muitas coisas para me distrair, mas todos os dias tenho que regressar aos lugares onde fomos tão felizes, e nessas horas a solidão ainda me maltrata mais... Por isso, não houve outra hipótese senão sair para não enlouquecer. A noite até foi boa. Quem esteve comigo nem se apercebeu do que se está a passar na minha vida. Mais uma vez, a desculpa que eu dei pela minha "aparente" tristeza foi que andava stressado e cheio de trabalho. Pelo menos, esta saída evitou que eu pensasse constantemente no M.. Demos umas voltas e parámos em alguns sítios mas não ficámos até muito tarde. Regressei a casa. Custou a adormecer. Dormi até tarde. Parece que nem dormi. Foi mais uma noite estranha. Mas não tinha outro remédio: ou saía ou ia acabar por enlouquecer sozinho em casa…

 


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