Bento XVI começou da pior maneira a sua viagem a África, quando afirmou que "não se resolve o problema da sida com a distribuição de preservativos" e que "pelo contrário, o seu uso agrava o problema". Já é de todos conhecida a posição da Igreja Católica no que diz respeito às relações sexuais: devem ser praticadas por um homem e uma mulher dentro do casamento e com o propósito de procriar. Fora do casamento, preconiza-se a abstinência sexual. Na verdade, abstinência e fidelidade são para a Igreja as duas únicas maneiras de prevenir o contágio pelo VIH. À primeira vista, com esta posição da Igreja Católica sobre o sexo, estaria encontrada a solução para o combate à sida. Contudo, há um enorme senão neste raciocínio: é que não existe sexo apenas dentro do casamento ou entre homem/mulher. Há-o também fora do casamento e muito. Já para não falar do sexo homossexual. Por conseguinte, vir dizer que o preservativo, que é o método de prevenção mais eficaz na transmissão do VIH, não é a solução, é perfeitamente inaceitável, principalmente num continente tão fustigado por esta doença. Para que conste, só no ano passado houve 1,9 milhões de novas infecções na África subsariana, que tem um total de 22 milhões de seropositivos. Três quartos das mortes por sida no mundo em 2007 ocorreram na região. É por isso que as declarações do Papa são criminosas e a Igreja em vez de contribuir para a solução é parte do problema…