Um blogue pessoal mas... transmissível

16
Jul 09

 

 

No fim-de-semana passado, depois de jantarmos em casa do amigo de que falei no post anterior, eu e o R. fomos assistir ao concerto que os Deolinda deram numa cidade vizinha. Confesso que não ia com grandes expectativas, uma vez que não conhecia praticamente nada do repertório do grupo. Todavia, fui lendo críticas muito positivas a seu respeito e por isso mesmo quis constatar pessoalmente o sucesso que o grupo vem alcançando por toda a parte onde tem actuado.

 

Infelizmente, a sala não estava cheia mas ainda assim o ambiente era caloroso. À medida que o concerto se ia desenvolvendo, foram sendo vencidas as minhas resistências à novidade que constitui um grupo cujas canções se inspiram no fado mas também nas marchas populares e noutros sons urbanos menos recentes. Para isso contribuiu em muito a presença, o timbre de voz e os rasgos de falsa agressividade da vocalista Ana Bacalhau e a qualidade técnica dos músicos que a acompanham. Acresce dizer que o concerto, à semelhança das letras das músicas e do próprio tratamento gráfico dado ao CD, conduz-nos a um certo imaginário lisboeta, representado pela personagem Deolinda, e que no espectáculo ao vivo é subtilmente aludido pela presença da mesinha e das camilhas, que no entanto poderá passar despercebida aos mais desatentos.

 

O concerto foi assim uma agradável surpresa pela sonoridade e forma de estar diferentes dos Deolinda, o que constitui uma autêntica lufada de ar fresco no panorama musical português da actualidade. Para ouvir, escolhi "Clandestino", uma das faixas do álbum "Canção ao Lado", o álbum de estreia do grupo, editado em Abril do ano passado.

 

 

 


30
Mar 09

 

 

 

Este fim-de-semana, tive o prazer de assistir ao concerto de Nneka no Cinema Batalha, no Porto, onde a cantora apresentou o seu mais recente trabalho, intitulado "No Longer at Ease". Já não entrava na sala do Cinema Batalha há muito tempo. Depois de reabrir em 2006, o grande auditório, que tem uma acústica excelente, acolhe espectáculos de música e de cinema. Neste concerto, pude constatar ao vivo tudo o que já tinha lido e ouvido acerca de Nneka. Impressionou-me sobretudo a forma como a cantora apelou às coisas simples da vida, que muitas vezes nos passam ao lado, e aos graves problemas mundiais que ainda aguardam uma solução, como sejam a corrupção, o subdesenvolvimento, a exploração das riquezas naturais dos países do terceiro mundo às mãos dos interesses das grandes multinacionais europeias e norte-americanas. Oriunda da Nigéria, Nneka sabe do que fala, especialmente quando se refere à exploração abusiva de petróleo no delta do rio Níger, local onde nasceu e cresceu. Por isso mesmo, Nneka é mais que uma cantora. Nneka é uma voz de intervenção, que faz muito mais do que mostrar a sua música e foi dessa forma interventiva que a cantora se mostrou durante todo o concerto. De aspecto aparentemente singelo, com ar de menina rebelde, Nneka fala como uma criança, de coração e mente abertos, mas com uma consciência social e política madura e acima da média. Sendo possuidora de uns dotes vocais invejáveis e acompanhada por uma excelente banda, Nneka canta as suas músicas, quase que seguindo um ritual de explicação das mesmas. E é nisso que Nneka difere de outras cantoras soul: a jovem nigeriana conseguiu criar um ambiente de cumplicidade com o público, mantendo uma conversa animada e por vezes emotiva. Depois de uma semana de trabalho muito cansativa, foi um dos melhores concertos a que alguma vez assisti. Para ouvir, escolhi a música que mais fez o Cinema Batalha vibrar, "Heartbeat".

 

 

 

 

publicado por Pensador Insuspeito às 17:41

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