Um blogue pessoal mas... transmissível

27
Mar 09

 

Já referi aqui, a propósito da discussão sobre o TGV, que a sala de sessões do parlamento reabriu depois de um interregno de oito meses para se proceder a "inadiáveis" obras "tecnológicas". Parece que a "casa da democracia" manteve os mesmos traços arquitectónicos mas foi apetrechada com a mais moderna tecnologia para que os representantes da nação possam estar "up to date" com os tempos moderníssimos que vivemos. A partir de agora, a sala de sessões encontra-se equipada com 230 computadores, um por cada posto de trabalho nas bancadas dos deputados, e com quatro ecrãs de projecção de vídeo. Do ar condicionado aos equipamentos informáticos, a renovação incluiu iluminação, isolamento acústico, limpeza das pinturas e estátuas, reparação das bancadas de madeira e substituição de todo o soalho.

 

Como contribuinte generoso para a obra, devo dizer que estou muito satisfeito por o meu dinheiro proporcionar tão grande conforto e eficiência aos senhores deputados. É o plano tecnológico de Sócrates em todo o seu esplendor… Infelizmente, parece que a cerimónia de reabertura do hemiciclo não esteve à altura do acontecimento. Diz-se que foi pobrezinha e que contou apenas com um pequeno concerto pela Orquestra Metropolitana de Lisboa e pela banda da GNR. Tanto dinheiro dos contribuintes gasto para cerimónia tão miserável! Na minha opinião, podiam ter convidado a Madonna e davam ao acontecimento o brilhantismo que ele merecia. O espaço, com aqueles quatro ecrãs gigantes, estava mesmo à altura de servir de cenário a um dos próximos concertos da tournée da rainha da pop…

 

 

 

 

P. S.: Só tenho pena de não ver os senhores deputados "miles away", como diz a letra da música da Madonna...

 

publicado por Pensador Insuspeito às 17:47

26
Mar 09

 

 

A discussão sobre a (in)oportunidade da construção de uma linha férrea de alta velocidade voltou ontem ao Parlamento. Precisamente na semana em que foram conhecidos os números alarmantes sobre o desemprego em Portugal, os senhores deputados, desta vez pela mão do PSD, resolveram pela enésima vez entreterem-se num debate sobre o TGV. Agora com casinha renovada, até dá gosto. Pelo menos, parece que acabaram os dois martírios a que diariamente os senhores deputados da nação se submetiam: o calor e o tédio. O ar condicionado voltou a funcionar e haverá seguramente mais deputados a blogar, a twittar e a engrossar o número de adeptos do facebook. Mas isto são contas de outro rosário…

 

A discussão de ontem sobre o TGV serviu mais uma vez para desviar a atenção quanto aos números do desemprego. E o Governo agradece. Expliquem-me como se eu fosse muito burro, mas ainda não consegui perceber se o problema do PSD está no traçado da via férrea ou na inoportunidade da sua construção. É que realmente as cabeças pensantes deste parlamento confundem-me… Ninguém estará interessado em saber a minha opinião, muito menos o Governo e os senhores deputados, mas aqui vai. Pois, na minha humilde opinião, a construção de tal infra-estrutura é um crime e, a fazer-se, só revela que os governantes deste país perderam todo o sentido do equilíbrio e do bom senso. Portugal é um país demasiado pequeno e pobre para se aventurar na construção de uma obra megalómana como o TGV. A única coisa que ainda poderia aceitar era uma ligação por TGV entre Lisboa e Madrid e que se melhorassem substancialmente as ligações ferroviárias entre a capital e outros pontos do país, nomeadamente com o Norte e o Algarve. De contrário, não vejo como um investimento tão avultado possa ter retorno a curto ou médio prazo. Provavelmente nunca o terá e em pouco tempo estará a dar prejuízo ao país. A não ser que o Governo esteja já a pensar na possibilidade de Portugal vir a falir num prazo de 5 anos. Nesse caso, é melhor começar já a assentar os carris e a levantar as catenárias, para a bicheza poder fugir rapidamente para Espanha…

 


 

Perdoem-me se vos estou a aborrecer com o que vou dizer neste post/pensamento mas, por motivos óbvios, tudo o que envolve a Educação em Portugal interessa-me. Ontem a ministra da Educação e os dois secretários de Estado que habitualmente a acolitam estiveram no parlamento. Veio ao de cima, entre outros assuntos, a possibilidade de os professores que não entregaram os seus objectivos individuais poderem ser alvo de sanções por parte dos conselhos executivos, a quem o Ministério da Educação confiou, num gesto de absoluto desprendimento, essa ingrata tarefa.

 

Contudo, não era disso que eu queria falar agora. O outro assunto que me chamou a atenção foi a surpresa que a senhora ministra manifestou quando foi confrontada pela oposição com o incumprimento do advogado João Pedroso num contrato de ajuste directo com o Ministério da Educação, com o objectivo de fazer a compilação e sistematização das leis relativas à Educação. Com o seu habitual ar cândido, quase de donzela ultrajada nos seus mais íntimos sentimentos, a ministra veio dizer que desconhecia (!) que o seu amigo socialista fosse um "incumpridor nato" e que foi tudo uma "surpresa lamentável". Como se o irmão do também socialista Paulo Pedroso já não tivesse sido anteriormente contratado e o resultado não tivesse sido igualmente lamentável… Não satisfeita com isso, a senhora ministra ainda conseguiu negar que João Pedroso tenha sido contratado por ser seu amigo… Ora esta situação deixa-me profundamente revoltado. Enquanto o ME se dá ao luxo de esbanjar mais alguns milhares de euros do erário público, a escola onde trabalho debate-se amiúde com graves apertos financeiros. E tudo isto se passa sem quaisquer consequências políticas. Enquanto houver "jobs for the boys", "tá-se" bem…

 


16
Mar 09

 

Diz-se que os deputados da nação andam muito preocupados com a saúde dos portugueses e vai daí toca a cortar no sal que é utilizado no pão que se consome neste jardim à beira-mar plantado. Já aqui escrevi sobre a tentação dos legisladores em imiscuir-se na liberdade individual dos cidadãos. E neste caso em particular, essa tentação vem ao de cima de forma quase anedótica. Mesmo que seja em nome da "saúde pública", que é inegavelmente um bem a acautelar por todos, a começar pelo Estado. No entanto, e correndo o risco de me repetir, entendo esta atitude como uma espécie de asfixia que o Estado impõe ao indivíduo. Não está em causa saber se menos quantidade de sal no pão é mais benéfico ou não para a saúde dos portugueses. Está antes em saber se uma regulação desta natureza compete ao Estado. Será que o Estado pode determinar em todos os casos a forma como dispomos da nossa saúde ou do nosso corpo? Que lugar pode existir para a liberdade individual? Creio que ao Estado compete apenas disponibilizar aos cidadãos toda a informação necessária para que estes possam tomar as decisões que acharem melhores para si. Registo que num universo de 230 deputados, apenas 5 (!) deputados votaram contra. Tal facto não é de estranhar mas é profundamente revelador. Será que os deputados que votaram a favor, contra tudo o que habitualmente defendem, acham que o Estado deve regular assuntos que pertencem ao foro íntimo da vida dos cidadãos? Ou será que isso nem sequer lhes passou pela cabeça? Por estas e por outras, começo a pensar que se hoje é o sal no pão, amanhã será o açúcar nos bolos, a cafeína no café, o cacau no chocolate, e assim por diante. Quando o Estado não se consegue auto-regular, as suas decisões começam a raiar os limites do absurdo…

 


06
Mar 09

 

Decididamente, o parlamento português transformou-se numa taberna muito mal frequentada. É que ontem num debate sobre energias renováveis, José Eduardo Martins, do PSD, reagiu com insultos às insinuações que Afonso Candal, do PS, lhe dirigiu. "Vai para o caralho", afirmou, mais do que uma vez, o deputado social-democrata depois do socialista ter insinuado que interesses particulares estariam alegadamente na base das preocupações energéticas de José Eduardo Martins. Tenho para mim que o maior insulto não foi o convite endereçado por José Eduardo Martins a Afonso Candal para que fizesse uma visita à genitália masculina, mas antes o que foi dirigido mais uma vez à inteligência dos portugueses. Infelizmente, este facto acabou por desviar a atenção do essencial que era a presença do ministro da Economia no parlamento com o objectivo de explicar o favorecimento de duas empresas na instalação de painéis solares. E isto, sim, é deveras preocupante...

 

 


26
Fev 09

 

Enquanto regressava a casa, vindo do trabalho, ouvia as notícias e tomei conhecimento que a interpelação ao Governo desta tarde, que tinha como tema a situação económica do país, foi afinal dominada pelo autêntico "negócio da China" entre a Caixa Geral de Depósitos e o empresário Manuel Fino. Parece que o nosso primeiro-ministro, no meio dos seus muitos afazeres, não teve conhecimento da operação CGD/Cimpor/Manuel Fino. Só pode ser uma brincadeira de muito mau gosto. Ou então os accionistas já não devem querer saber o que se passa nas empresas onde têm acções… Hoje a CGD veio a público defender o Governo e as suas palavras no Parlamento. Ainda por cima, dizendo que os 62 milhões de euros oferecidos num obscuro negócio a Manuel Fino têm um efeito positivo no património e nos resultados da CGD (!). É por estas e outras que eu "curto bué" os políticos e os empresários deste país…

 

publicado por Pensador Insuspeito às 20:55

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