Um blogue pessoal mas... transmissível

25
Mar 09

 

 

No início desta semana, José Sócrates apelou à compra de painéis solares pelos portugueses, no âmbito do programa do Governo de incentivo ao uso de energias renováveis, destacando o impacto positivo que isso terá na economia a vários níveis. E fê-lo em termos patrióticos, quase dramáticos, afirmando que os portugueses estarão a dar um contributo à economia do país e a criar mais empregos se instalarem painéis solares nas suas casas. Segundo o primeiro-ministro, o programa de incentivo à aquisição de painéis solares prevê ainda a comparticipação, pelo Governo, de 50 por cento no custo total do investimento.


Apesar da comparticipação do Governo, que, em abono da verdade, até me parece generosa, não acredito que haja muitos portugueses a investir na compra de painéis solares. Isto porque os portugueses são avessos à mudança e duvidam das vantagens da energia solar. Preferem assim pagar avultadas facturas à EDP e depois desfiar o habitual rosário de lamentações sobre o preço da electricidade. Por outro lado, diz-se que é um investimento caro, cujo retorno demora cinco anos, o que o torna um investimento pouco atractivo para a generalidade dos consumidores.


Na minha perspectiva de leigo na matéria, os portugueses só fazem mal em não aproveitar a generosa oferta do Governo, pelo menos enquanto ela durar… Parece-me aliás que a atitude desconfiada em relação às energias alternativas tem muito a ver com as características do consumidor português que sempre privilegiou a quantidade em desfavor da qualidade, uma característica muito própria das sociedades subdesenvolvidas. Além disso, parece-me também que os portugueses, na sua maioria, estão mal informados sobre as vantagens das energias renováveis e desconhecem que a opção por este tipo de energias amigas do ambiente é inadiável. Isto porque entrou em vigor no passado mês de Janeiro legislação que obriga os edifícios a possuir um certificado energético. Além disso, segundo me informei, lá para 2012, entrará em vigor a segunda fase do protocolo de Quioto sobre emissões de CO2 e a factura a pagar por se ultrapassarem os limites acordados vai entrar-nos directamente no bolso.


Perante isto, acho que as autoridades portuguesas deviam antes de mais fornecer informação adequada aos consumidores e não limitar-se a dizer: "Comprem painéis solares que nós até pagamos 50 por cento do investimento". Assim dificilmente se promoverá a consciência ambiental e se convencerá o tuga médio a optar pelo uso das energias renováveis. Penso que também neste domínio, Portugal ainda tem muito caminho a fazer. Basta dizer que na Grécia instalam-se cerca de 40 mil painéis por ano, enquanto em Portugal apenas 2500! Num país como o nosso, com um magnífico sol a brilhar quase todo o ano, é criminoso que não se avance decididamente no uso da energia solar. Porque afinal o sol quando nasce é para todos… e é para ser aproveitado! Cada vez mais…

 


24
Mar 09

 

A propósito do enredo de novela mexicana em que se transformou a nomeação do novo Provedor de Justiça, com os dois maiores partidos do espectro político português a digladiarem-se para colocarem na cadeira alguém do seu círculo político ou de amizades, apeteceu-me abordar aqui a questão de fundo que nestas ocasiões vem sempre ao de cima. É que olhando bem à história recente do país, vê-se facilmente que os partidos políticos portugueses nunca tiveram sentido de Estado. Podem perguntar-se o que é que eu quero dizer quando uso esta expressão. Pois bem. Na minha perspectiva, sentido de Estado é a obrigação que os partidos deveriam assumir no sentido de concertarem posições entre si e ultrapassarem divergências político-ideológicas, nomeadamente quanto a aspectos fundamentais na estruturação de um país, como sejam a saúde, a educação, a justiça, o trabalho, a fiscalidade, entre outros.

 

Infelizmente, o que se vê é que cada vez que o país muda de governo, mudam também as políticas. Até aqui tudo bem, porque todos os partidos têm um projecto político que submetem à apreciação dos cidadãos no momento da ida à urnas e, se esse projecto político sai vencedor, o partido que o sustenta tem o direito e o dever de o pôr em prática na governação do país. Mas já me custa mais a compreender que a mudança de governo e de políticas nas diversas áreas da governação deite por terra tudo aquilo que o governo anterior realizou, com o pretexto de se fazerem novas reformas. Uma vez na oposição, o partido que anteriormente ocupava a cadeira do poder passa a não ter outro objectivo senão minar a governação do partido que se lhe seguiu. E o caso repete-se quando esse partido recupera o poder e volta a revogar as reformas que entretanto foram feitas, iniciando assim um período de novas pseudo-reformas. Para mim, esta forma de fazer política revela uma falta confrangedora de visão de Estado a longo prazo. Parece que neste país se está sempre a começar do zero. Neste sentido, arrisco-me a dizer que Portugal é um país eternamente adiado, vítima de um regime político-partidário que se move sobretudo por interesses mesquinhos e se esquece das grandes reformas estruturais que era necessário implementar.

 

É por isso que, a propósito da escolha do Provedor de Justiça e de outras escolhas semelhantes, vemos um triste espectáculo mediático. Desde que me conheço por gente e que me preocupo minimamente com o que me rodeia, que vejo este jogo em que se envolvem os partidos da situação. É a constante dança das cadeiras. São os jogos de bastidores para ver quem coloca nos centros de decisão mais gente de confiança política. Depois, em maré de eleições, todos os políticos e comentadores se admiram com as elevadas taxas de abstenção. Não será porque a política e, sobretudo, os políticos estão cada vez mais desacreditados junto da opinião pública? Não será porque os políticos colocam os seus próprios interesses político-partidários à frente dos interesses das pessoas e do bem comum dos cidadãos?

 

Por isso mesmo, para que Portugal entrasse definitivamente no bom caminho, era necessário que, ao menos os partidos com vocação de poder, assumissem uma posição responsável e se deixassem de uma vez por todas de politiquices bacocas que só têm prejudicado o país e o têm afastado cada vez mais dos níveis de desenvolvimento e bem-estar dos seus congéneres europeus. Que se entendessem ao menos quanto às questões estruturantes na vida do país e poupassem os cidadãos ao triste espectáculo da política provinciana e caceteira à boa maneira do século XIX…
 


20
Mar 09

 

Estava eu a almoçar e a fazer zapping pelos quatro canais da televisão nacional, quando me deparei com o programa "As Tardes da Júlia", da TVI, que tratava do tema: "Assumo: sou machista". Fiquei boquiaberto com aquilo que ainda pude ouvir de alguns convidados, já que não acompanhei todo o programa. Por momentos, pensei que tinha regredido no tempo… Mas não. De acordo com as declarações dos convidados, orgulhosamente machistas, a mulher não tem quaisquer direitos e quem manda lá em casa é o homem. Trabalhar fora de casa, nem pensar. Eu, que pensava que em pleno século XXI o modelo de um homem cônjuge e pai, autoritário e chefe de família, estava definitivamente posto de lado, tive de equacionar os meus conceitos. Ali estavam três legítimos representantes dessa espécie em vias de extinção, que dá pelo nome de macho lusitano.

 

Ao ouvir aqueles senhores, não resisti a colocar a questão de não existir ainda em Portugal um modelo familiar totalmente igualitário e baseado na co-responsabilização de homens e mulheres. E uma das conclusões a que cheguei é que a entrada das mulheres no mundo do trabalho, sendo actualmente um dado inquestionável, veio provocar efeitos na vida conjugal, nomeadamente ao nível das relações de poder, e na vida familiar e doméstica, no que diz respeito à divisão das tarefas, que passou a ser, mais do que uma vontade, uma necessidade. Talvez sem tomarem consciência disso, aqueles três representantes do machismo lusitano, ao não deixarem as suas mulheres trabalhar fora de casa, acautelaram a sua posição de macho dominante. E o pior é que estas ideias continuam a vingar neste país de brandos costumes. Simplesmente, de cortar os pulsos…

 


18
Mar 09

 

 

Estou mais uma vez estupefacto com a justiça portuguesa. Diz-se que um juiz libertou um homem acusado de matar à facada a própria mulher na presença da filha da vítima, de apenas 10 anos, e que agora é visto frequentemente no local do crime a amedrontar a família da mulher. Diz-se também que o mesmo juiz deixou sair em liberdade um homem que baleou outro na PSP de Portimão, em Setembro do ano passado, tendo a vítima ficado tetraplégica, e que é também o mesmo que mandou em prisão preventiva um homem que roubou um telemóvel (!). Desconheço os pormenores de cada uma das situações referidas. Mas, em abstracto, e perante a oposição de critérios que o referido juiz utilizou, sobressai uma evidente contradição com o bom senso e a razoabilidade, no sentido de punir as insignificâncias penais e deixar passar as perigosidades violentas. Também não sei se o juiz em causa é estagiário ou tem pouca prática na aplicação da justiça, ou que critérios considerou para tomar aquelas decisões. Mas uma coisa é certa: não se pode continuar a ser juiz com 23 anos de idade e a decidir levianamente sobre a vida das pessoas…

 

publicado por Pensador Insuspeito às 17:59

19
Fev 09

 

Deveria ser criada no livro de recordes do Guinness uma categoria para os povos que debitam o maior número de disparates por dia. Hoje ficou-se a saber que os portugueses acham-se mais magros e mais altos do que na realidade são, uma percepção errada que dificulta muito o combate à obesidade, um dos maiores problemas deste século, segundo um livro hoje lançado em Lisboa. De acordo com a investigação, a tendência de cada indivíduo, que se reflecte na população em geral, é ter uma percepção subjectiva de menos peso e mais altura. Em todas as idades as pessoas acham que têm menor índice de massa corporal do que aquele que realmente têm. "Quando se pergunta, as pessoas dizem sempre que pesam menos e medem mais", disse a endocrinologista Isabel do Carmo, coordenadora da referida obra. De facto, é o que eu também posso constatar na plateia que se senta todos os dias à minha frente. Isso significa que as crianças e os jovens de hoje vão ser muito mais obesos do que os adultos actuais. Para já não falar no ginásio onde a massa adiposa anda à solta por todo o lado. Afinal o espelho engana mesmo...
 

publicado por Pensador Insuspeito às 16:32

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Gostei imenso do teu texto.Parabéns! Abraço.
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