Afinal, os professores do Agrupamento de Escolas de Paredes de Coura lá tiveram de desfilar ao lado dos meninos que festejavam o Carnaval. Mas fizeram-no vestidos de negro, amordaçados e com as mãos presas por correntes, como forma de protesto contra a Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) que, contrariando uma decisão do Conselho Pedagógico, lhes ordenou que acompanhassem as criancinhas do pré-escolar e do 1.º ciclo do Ensino Básico pelas ruas da sede do concelho. Uma imposição da DREN que poderia ter saído de um qualquer gabinete bafiento do Estado Novo... Mais a sul, o Ministério Público mandou retirar uma representação do computador Magalhães com imagens de mulheres seminuas, constante num monumento alegórico do Carnaval de Torres Vedras, depois de ter sido apresentada uma queixa-crime (acabo de saber que o mesmo Ministério Público, com uma rapidez meteórica, recua e autoriza a referida sátira ao Magalhães!). Os argumentos utilizados – de que as imagens eram pornográficas e ofendiam a moral pública – ultrapassam o que teria sido a actuação da Santa Inquisição nos seus tempos áureos. Tenho para mim que o verdadeiro argumento não foi de ordem moral mas alguém se sentiu muito ultrajado por se associarem gajas nuas ao sacrossanto computador Magalhães, verdadeiro ícone do regime socrático. Por este andar vai ser cada vez mais perigoso escrever num blog como este. Qualquer dia tenho o Ministério Público a intimar-me para que feche o estaminé. As coisas estão a ficar muito complicadas neste pais cinzentão e pidesco… E mais não digo. Um bom fim-de-semana.