Haverá melhor maneira de passar um fim-de-semana do que a gozar o dolce fare niente e a aproveitar o esplêndido sol que estes dias de final de inverno nos têm proporcionado? Claro que sim, dir-me-ão vocês. E eu acredito! Aliás, eu também penso que há uma e bem melhor. Passá-lo nos braços do meu Amor! Mas como tal não é possível, por agora resta-me passá-lo da melhor forma que sei e posso. Neste sentido, creio que existe sempre um grande nível de insatisfação entre aquilo que queremos e aquilo que podemos. E isso manifesta-se em qualquer idade. Senão vejamos. É a criança que faz uma birra monumental quando os pais não lhe compram o último jogo da PlayStation. É o adolescente que entra em depressão só porque o pai não autoriza tantas saídas à noite quantas a que ele desejava. É o adulto que fica à beira de um ataque de nervos só porque o vizinho do lado já tem o último modelo do carro dos seus sonhos e ele provavelmente nunca o conseguirá adquirir. É o casal que entra em crise conjugal porque não consegue alcançar um nível de satisfação sexual adequado. E assim por diante.
Aliás, penso que a insatisfação é um sentimento que nos acompanha ao longo de toda a vida. No entanto, encarado de forma positiva, pode ajudar-nos a concretizar projectos de vida e a alcançar metas. Não creio que a insatisfação em si seja algo negativo. O que poderá acontecer é que esse sentimento se prolongue por tempo indeterminado e se venha a tornar quase patológico. Por conseguinte, há que saber manter o ténue equilíbrio entre aquilo que se quer e o que se pode. Porque afinal existem coisas que nunca poderemos alcançar ou mudar. Algumas características físicas, por exemplo. Ainda assim, acredito que a este respeito a vida ajuda-nos sempre a lidar com a impossibilidade da mudança e a aceitar aquilo que não é passível de ser alterado. Mas voltando ao fim-de-semana, é sempre muito agradável passá-lo desta maneira descontraída… Assim dá gosto viver e esquecem-se por momentos as coisas desagradáveis do dia-a-dia e os muitos problemas que ainda povoam o meu pensamento. Pelo menos, nestes dias é possível dar boa vida a este computador, porque também ele merece descansar…