Diz-se que "o Governo socialista fez aprovar, em 2006, alterações à lei que permitem aos grupos financeiros a isenção total dos rendimentos das suas filiais". Perante isto, apraz-me dizer que ninguém pode acusar o Governo de não acautelar atempadamente o futuro e os interesses dos que agora se entretêm a desgovernar o país e dos que, fora do Governo, se agitam irrequietamente em busca de benesses, privilégios e isenções fiscais. De facto, a maneira mais expedita de saquear o Estado é colocar um político sem escrúpulos no Governo. Uma vez chegado ao poder, esse político de ocasião transforma-se numa versão travestida de Robin dos Bosques e passa a ocupar boa parte do seu tempo a desviar o dinheiro para os que estão fora e se movem em torno do poder, como os banqueiros e os empreiteiros de obras públicas. No final desta operação, o que foi para político deixa o Governo e passa a desfrutar impunemente do seu saque. Infelizmente, o esquema é tão antigo e tão usado, que já só mudam os nomes dos políticos que vão para dentro do Estado, uma vez que os outros, os da banca e das obras públicas, estão comodamente instalados e têm o esquema montado para todos os Governos. Ou seja, transitam de Governo para Governo e limitam-se a escolher os assalariados que vão para dentro do Estado. Para estes, o político não tem outra função senão a de inventar formas expeditas de desviar o dinheiro para os que estão cá fora. Enquanto isso, o povo entretém-se com o folclore da propaganda politica e das promessas que os Governos sistematicamente nunca cumprem…