No fim-de-semana passado, depois de jantarmos em casa do amigo de que falei no post anterior, eu e o R. fomos assistir ao concerto que os Deolinda deram numa cidade vizinha. Confesso que não ia com grandes expectativas, uma vez que não conhecia praticamente nada do repertório do grupo. Todavia, fui lendo críticas muito positivas a seu respeito e por isso mesmo quis constatar pessoalmente o sucesso que o grupo vem alcançando por toda a parte onde tem actuado.
Infelizmente, a sala não estava cheia mas ainda assim o ambiente era caloroso. À medida que o concerto se ia desenvolvendo, foram sendo vencidas as minhas resistências à novidade que constitui um grupo cujas canções se inspiram no fado mas também nas marchas populares e noutros sons urbanos menos recentes. Para isso contribuiu em muito a presença, o timbre de voz e os rasgos de falsa agressividade da vocalista Ana Bacalhau e a qualidade técnica dos músicos que a acompanham. Acresce dizer que o concerto, à semelhança das letras das músicas e do próprio tratamento gráfico dado ao CD, conduz-nos a um certo imaginário lisboeta, representado pela personagem Deolinda, e que no espectáculo ao vivo é subtilmente aludido pela presença da mesinha e das camilhas, que no entanto poderá passar despercebida aos mais desatentos.
O concerto foi assim uma agradável surpresa pela sonoridade e forma de estar diferentes dos Deolinda, o que constitui uma autêntica lufada de ar fresco no panorama musical português da actualidade. Para ouvir, escolhi "Clandestino", uma das faixas do álbum "Canção ao Lado", o álbum de estreia do grupo, editado em Abril do ano passado.