Ontem fui aos saldos. Não por uma necessidade urgente nem por um impulso irresistível. Quem me conhece sabe que não sou assim. Mas na fase complicada que estou a viver tenho de arranjar os pretextos mais disparatados para sair de casa.
E assim foi. Peguei em mim e pus-me a caminho. Quando cheguei ao epicentro do consumo cá da urbe deparo-me logo com o cenário inevitável. Em todas as vitrinas de loja que ostentassem aquela palavra mágica apinhavam-se as mais variadas gentes, acotovelando-se e olhando-se furiosamente como quem protege a sua cria ou tenta garantir o seu lugar ao sol. Lá dentro o cenário não era melhor. Muito pelo contrário. Roupa e mais roupa, amontoada por todo o lado, compradores de ocasião circulando avidamente de prateleira em prateleira na expectativa de encontrar o tamanho que já não existia, funcionários a fingir uma calma que há muito tinham perdido, miúdos prestes a desencadear uma nova Intifada (sim, é verdade!) só porque um deles passou à frente na fila para o pagamento.
Com tudo isto, acabei por comprar apenas um livro e uma camisa que nem sequer estava em saldo... Assim que pude, fugi dali o mais depressa que pude e vim refugiar-me no meu cantinho. É que os bárbaros andem aí...