Notável o artigo de opinião de João Miguel Tavares no DN sobre o discurso do primeiro-ministro na abertura do congresso do PS. Sócrates resolveu mais uma vez investir-se em defensor da moralidade na vida política portuguesa. Ressalvo que qualquer cidadão presume-se inocente até ao trânsito em julgado da respectiva sentença de condenação. No entanto, os factos estão à vista de todos e, por isso mesmo, exige-se maior recato político ao visado por eles. Com efeito, não é o nome do primeiro-ministro que anda associado a uma licenciatura duvidosa, a um licenciamento feito à pressa, a uma compra subvalorizada e a uns projectos de engenharia muito mal explicados? E não é pelo facto de o povo votar maioritariamente em alguém, que essa pessoa se pode arrogar o direito de se considerar acima do bem e do mal. Num Estado de Direito, as regras democráticas são para serem cumpridas por todos os cidadãos, até pelo cidadão primeiro-ministro. Apetece-me então repetir o velho ditado popular: "Bem prega Frei Tomás, faz o que ele diz mas não faças o que ele faz"...