A propósito da manifestação que juntou 200.000 mil pessoas nas ruas de Lisboa, José Sócrates defendeu ontem a "necessidade de um sindicalismo livre de tutelas partidárias para o melhor desenvolvimento do país". Já no fim da sua visita oficial a Cabo Verde, tinha manifestado a mesma opinião, enquanto se desfazia num rol de lamentações, a fazer lembrar uma velha carpideira, coberta de negro e a soltar gemidos. Infelizmente, em matéria de lamentações viu-se que Sócrates não está sozinho, pois o que faziam 200.000 mil pessoas em Lisboa senão lamentar-se de milhentas coisas, entre as quais de um governo que desgoverna… Ora parece-me que este é mais um discurso à maneira de Frei Tomás. Senão vejamos. Ninguém ignora que existe uma forte tendência sindical socialista na UGT, a qual até realiza um congresso, onde está presente José Sócrates como secretário-geral do partido. E também já toda a gente ouviu o mesmo José Sócrates a felicitar o militante socialista João Proença pela sua reeleição como secretário-geral da UGT. Por conseguinte, não vejo razões para a indignação de Sócrates. Se o primeiro-ministro quisesse realmente ser honesto, deveria ter defendido um sindicalismo livre de todas as tutelas partidárias, incluindo as do PS. Defendê-lo e pô-lo em prático, é claro…